segunda-feira, 19 de junho de 2017

Pela primeira vez, pescadores capturam toninha com duas cabeças

POR O GLOBO

Toninha com duas cabeças foi devolvida ao mar pelos pescadores - Henk Tanis/Museu de História Natural de Rotterdã
ROTERDÃ — Pescadores capturaram na costa da Holanda um raro exemplar de toninha (Phocoena phocoena). Trata-se do primeiro caso conhecido de gêmeos siameses da espécie. O animal, pescado com rede no dia 30 de maio, tem apenas um corpo, mas duas cabeças. Entre os cetáceos, grupo que inclui baleias e golfinhos, além das toninhas, este é apenas o décimo caso registrado pela ciência.

O fato foi relatado na revista “Deinsea”, publicação do Museu de História Natural de Roterdã. Segundo os autores da pesquisa, a toninha era recém-nascida e provavelmente já estava morta quando foi capturada. Os pescadores devolveram o animal ao mar, pois acreditavam ser ilegal manter tal espécime, mas registraram o feito em fotografias, que permitiram as análises dos cientistas.

Segundo os pesquisadores, “até mesmo os gêmeos normais são extremamente raros em cetáceos. A incidência de gestações múltiplas é estimada em 0,5% em pequenos cetáceos”. Na média, as toninhas fêmeas adultas dão à luz um filhote a cada dois anos, e apenas um caso de gêmeos na espécie foi relatado pela ciência até então.

— Gêmeos normais são extremamente raros em cetáceos — disse Erwin Kompanje, pesquisador da Universidade Erasmus MC, em Roterdã, e um dos autores do estudo, em entrevista à “New Scientist”. — Simplesmente não existe espaço no corpo da fêmea para abrigar mais de um feto.

Segundo os pesquisadores, animal provavelmente morreu logo após o nascimento - Henk Tanis/Museu de História Natural de Rotterdã

Mesmo sem o corpo do animal para análise, os pesquisadores conseguiram informações preciosas analisando as imagens. A toninha de duas cabeças era recém-nascida, e provavelmente morreu logo após o nascimento, porque a cauda não estava enrijecida, característica necessária para os filhotes nadarem. Outro sinal disso é a nadadeira dorsal, que deveria ter ficado vertical logo após o parto.

— Gêmeos siameses devem ser mais comuns que os dez casos que conhecemos até o momento, mas nós não ficamos sabendo deles porque eles nascem no mar e nunca são encontrados — disse Kompanje.



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